Acuado pela perda de votos de evangélicos na reta final do primeiro turno, o PT ensaia deixar de lado a defesa programática da descriminalização do aborto e já planeja retirar a proposta do programa do partido, aprovado em congresso.
A medida deve ser discutida em reunião da Executiva do PT, como forma de responder aos rumores contra a candidata à Presidência, Dilma Rousseff, apontados como o principal motivo para o crescimento de Marina Silva (PV), contrária à legalização do aborto, e a consequente ida da disputa presidencial ao segundo turno.
O secretário de Comunicação do PT defende o isolamento da ala do partido pró-legalização. “Agora é hora de envolver mais dirigentes na campanha. Foi um erro ser pautado internamente por algumas feministas. Eu e outros fomos contra”.
Um dos coordenadores da campanha de Dilma, José Eduardo Cardozo, reconhece que a resolução do PT, pró-descriminalização do aborto, não é unânime no partido e não é a posição de Dilma.
O tema se tornou tão incômodo que ontem, ao “Jornal Nacional”, Dilma o citou mesmo sem ter sido questionada (ela teve um minuto e meio para “dar uma mensagem aos eleitores”).
“Eu tenho uma proposta de valores. Um princípio nosso de valorizar a vida em todas as suas dimensões”.
Fonte: Folha Online
Nota do blog: particularmente, acho que essa discussão é completamente desnecessária diante de temas tão relevantes para o futuro do país que não foram adequadamente discutidos durante o primeiro turno (saúde, educação, segurança, reforma agrária etc.).
Essa discussão sobre a legalização do aborto evidencia uma disputa entre o machismo do fundamentalismo cristão e as conquistas do movimento feminista.
Infelizmente, o movimento feminista brasileiro não tem a força e a popularidade necessária para atrair o apoio dos partidos que disputam o segundo turno, PT e PSDB, já que o que importa neste momento é a conquista de votos.
Por outro lado, o número crescente de pessoas que se vinculam ao fundamentalismo cristão brasileiro dá força política a um movimento machista e conservador que tenta colocar a mulher em uma posição de inferioridade em relação ao homem.
Assim, os líderes de determinadas igrejas se sentem em condições de impor esse tipo de discussão e pautar o discurso dos candidados, que para chegar ao poder, abandonam seus ideais e passam a defender as bandeiras que rendem mais votos, por mais ridículas que elas sejam.
O movimento feminista está sendo a primeira vítima dos fundamentalistas cristãos. Quem será a próxima vítima?
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