Quem quer ser professor?

Em uma entrevista com um agricultor, o repórter do programa Globo Repórter perguntou: O que você espera para o futuro dos seus filhos?

O agricultor responde: Dizem que pobre não pode sonhar muito alto. Então, que eles sejam, pelo menos, professores.

As palavras desse agricultor mostram a percepção que as pessoas têm acerca da profissão docente. Uma profissão menor, para quem não pode sonhar muito alto, portanto, sem necessidade de uma maior valorização.

Em países como a Coreia, a educação é vista como fator de desenvolvimento econômico e social. O resultado disso é uma educação de qualidade, com professores valorizados. Assim, a Coreia conseguiu atingir um padrão de desenvolvimento que, há muito tempo, espera-se que o Brasil consiga atingir.

São necessárias ações que promovam efetivamente a valorização dos docentes, que devem se refletir, dentre outras coisas, na elaboração de políticas públicas que objetivem a valorização do professor, através de planos de carreira, melhores salários, condições adequadas de trabalho e um processo de formação continuada que veja a formação inicial, promovida no interior dos cursos de licenciatura, apenas como o início de um processo que deve se desenvolver por toda a vida do professor, haja vista que o desenvolvimento desses elementos pode contribuir para que a profissão docente passe a ser encarada como uma profissão viável social e economicamente, tornando-se mais atraente para os jovens que, atualmente, estão evitando-a no momento em que escolhem a sua área de atuação profissional, por não verem nessa profissão possibilidades de desenvolvimento pessoal.

Em qualquer discussão sobre os problemas enfrentados pelo país (miséria, violência, desemprego, problemas ambientais etc), a educação é apresentada como elemento fundamental para a solução desses problemas. Ficam então os questionamentos: será possível reverter a situação em que o Brasil se encontra enquanto o país, seus estados e municípios continuarem tratando a educação e os professores dessa forma? Quando a sociedade brasileira oferecerá à educação e aos educadores o tratamento que merecem?

E você, leitor, seja você professor ou não, já parou para refletir sobre como os políticos que você ajudou a eleger percebem a importância da educação e do educador? Se você ainda não fez isso, é bom começar a fazer, pois são esses políticos que definem as políticas educacionais do seu país, do seu estado e do seu município e, conseqüentemente, o salário dos professores, as suas condições de trabalho e a qualidade da escola em que você ou seu filho estuda. A qualidade dessa escola mostra o quanto nossos políticos (presidente, governadores, prefeitos, vereadores, deputados e senadores) valorizam a educação do povo brasileiro.